São Paulo, 3 de maio de 2018.

Edição Especial do Informativo da Escola Politécnica da USP - Nº6/2018.

Engenharia à serviço da sociedade

Nesta edição do Poli Informa reunimos as entrevistas concedidas pelos docentes da Escola Politécnica da USP sobre o caso do incêndio e desabamento do Wilton Paes de Almeida, ocorrido na madrugada da última terça-feira, dia 1º de maio. As reportagens foram realizadas pela Rádio USP, que ajudam a disseminar o conhecimento produzido pela Poli.

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Desabamento de prédio em São Paulo traz à tona a crise habitacional

Tombado pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico -, o o edifício Wilton Paes de Almeida era considerado patrimônio histórico de interesse arquitetônico e paisagístico e já havia sido classificado em situação de risco.

O professor Ruy Marcelo Pauletti, do Departamento de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica da USP, esteve presente na região, após o desmoronamento, para fiscalizar dois prédios do entorno. Ele explica que a vistoria passou a ser mais rigorosa na década de 1970, após as tragédias dos edifícios Joelma e Andraus, mas aos prédios antigos não se aplicam todas as normas dos prédios atuais.

O jornalismo da Rádio USP ouviu especialistas em diversas áreas, em reportagens que podem ser acessadas no link. As entrevistas com docentes da Escola Politécnica também estão disponíveis abaixo.

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Valdir Pignatta e Silva: Professor da Poli comenta queda de edifício em São Paulo

Ao falar sobre o caso para a Rádio USP, o professor Valdir Pignatta e Silva, do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Poli, disse que tudo indica – a partir das notícias e vídeos divulgados – que o edifício apresentava um  excesso de aspectos de risco, como fiação elétrica exposta, botijão a gás em local com probabilidade de incêndio e o que chama de quebra de compartimento vertical, que ocorre quando um  pavimento não está “serrado” em relação ao superior, o que contribui bastante com a propagação do incêndio, uma situação bastante semelhante ao que ocorreu no passado, quando dos incêndios dos edifícios Joelma e Andraus.

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Alex Abiko: Centro de São Paulo carece de política habitacional do governo

O desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida trouxe à tona problemas conhecidos, apesar de silenciados, como é o déficit habitacional e o descaso com a moradia popular e o patrimônio público. Alex Abiko, professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP e coordenador do Grupo de Ensino e Pesquisa Engenharia e Planejamento Urbano, espera que a tragédia traga lições e inspire ações que resolvam ou ao menos minimizem o problema da habitação na área central da cidade.

Abiko reconhece a importância de se prestar assistência às famílias atingidas, mas lembra a urgência de se pensar soluções para o problema da moradia. O professor reforça a necessidade de o poder público assumir como responsabilidade uma política habitacional para o centro de São Paulo. Ele lembra que, geralmente, as habitações sociais são construídas em regiões periféricas, onde os terrenos são mais baratos. Mas o problema, nesses casos, é apenas parcialmente resolvido. Sendo prédios mal localizados, impactam outras áreas, como o sistema de mobilidade urbana.

Uma das soluções apresentadas pelo professor é a recuperação de edifícios. Abiko aponta duas justificativas para o imobilismo do poder público nesse sentido: uma financeira e outra tecnológica. É caro reformar prédios inteiros e construções antigas costumam ter problemas que são encontrados já durante o processo de reconstrução. O professor conclui dizendo ser necessário aprender com os casos de sucesso e, por isso, apresenta exemplos de recuperação de construções no centro de São Paulo, como o Edifício Riachuelo e o Casarão do Carmo, transformados em habitação social.

Acesse aqui o áudio.

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Ruy Marcelo Pauletti: Vistoria é mais rígida em prédios recentes do que em antigos

Projetado em 1960 e Tombado em 1992, o edifício Wilton Paes de Almeida era um patrimônio histórico de interesse arquitetônico e paisagístico. O prédio tinha 24 andares e já havia sido classificado em situação de risco. O professor Ruy Marcelo Pauletti, do Departamento de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica da USP, esteve presente na região, após o desmoronamento, para fiscalizar dois prédios do entorno. Ele explica que a vistoria passou a ser mais rigorosa na década de 70, após as tragédias dos edifícios Joelma e Andraus, mas aos prédios antigos não se aplicam todas as normas dos prédios atuais.

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Paulo Helene: Prédio da década de 60 era patrimônio histórico

O edifício Wilton Paes de Almeida, consumido pelo fogo, foi projetado em 1961 pelo arquiteto Roger Zmekhol, e era considerado um marco da arquitetura modernista. Segundo o projeto original do edifício, sua estrutura teria pilares metálicos, de aço, e não de concreto armado como tem sido visto nas imagens divulgadas pela imprensa de seus escombros. Isto explicaria por que o prédio teria desabado tão rápido, em apenas uma hora e vinte minutos. Segundo o professor Paulo Helene, especialista em patologia das construções, da Escola Politécnica da USP, em situações similares o prédio não costuma colapsar, ou seja, cair por causa do incêndio. O professor lembra que na década de 70 dois grandes incêndios ocasionaram mudanças nas adequações dos edifícios para aumentar sua segurança. No entanto, as construções anteriores, das décadas de 60 para baixo não contam com regulamentações de segurança, mas o professor Helene acredita que a partir dessa nova tragédia isso vá mudar.

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O PoliInforma é uma publicação semanal, produzida e editada pelo Serviço de Comunicação Social da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Se destina a divulgar notícias da Poli e demais unidades da USP para seus docentes, alunos e funcionários. Pedidos de divulgação devem ser solicitados pelo e-mail comunicacao@poli.usp.br, e segunda a quinta-feira impreterivelmente.