Todos sabemos, que a vida é feita de ciclos. A natureza e a história nos lembram repetidas vezes que tudo tem começo e fim, independente da nossa vontade. A foto com milhares de pessoas saindo de trens na estação Church Gate, em Mumbai, representa a vida, a aglomeração e a aproximação, tudo que o coronavírus explora e nos nega.
É impossível pensar que essa inimaginável experiência de máscaras, distanciamento social, sofrimento humano, vidas perdidas, cancelamento da vida e a inevitável destruição econômica não trará consequências após o fim da pandemia. É cedo para saber exatamente quais, mas seus efeitos serão enormes. Será o desafio de gerenciar pessoas na crise, quando o orçamento encolhe e as estruturas diminuem.
Assim proliferam inúmeros intérpretes da tragédia, mas o que a pandemia mostrou de imediato foi a ineficiência do sistema de saúde que precisa ser reavaliado, nada muito revolucionário, mas tudo muito urgente e o perigo que significa somar dependência e distância de um único fornecedor.
Diante deste quadro repleto de incertezas, talvez o vírus deixe como legado a necessidade de reorganizar o sistema público de saúde e evitar os enormes custos com as pandemias, a possibilidade de mais trabalho em casa, mais pagamentos eletrônicos, maiores controles nas fronteiras, seguros caros e complexos, educação e medicina à distância, menos viagens transoceânicas e convenções. Veremos se o mundo será diferente ou se continuará igual depois que a pandemia passar.
O que se conhece até agora sobre a Covid-19
Em junho, o surto da Covid-19 completou seis meses. Entre certezas e mistérios sobre a doença, aqui estão algumas reflexões essenciais sobre o que é sabido sobre a Covid-19.
Transmissão
A transmissão pessoa por pessoa é o ponto chave. A constatação levou a práticas de isolamento social e à adoção de máscaras. O que não se sabe e ainda é avaliado, o tempo exato que o vírus sobrevive fora do organismo, qual a capacidade de transmissão do vírus em ambientes externos e qual é a quantidade de concentração do material genético do vírus capaz de infectar humanos.
Sintomas
Desde o início do surto da Covid-19, os principais sintomas apontados pelos pacientes eram tosse seca e febre. Sabemos hoje que a febre e tosse não são onipresentes em todos os pacientes diagnosticados com a infecção pelo Sars-Cov-2.
Com a evolução da pandemia, muito foi se descobrindo sobre o vírus. E, junto com isso, as manifestações clínicas, que são muito amplas e incluem dor de garganta, coriza, perda de olfato e de paladar, conjuntivite, lesões na pele, diarreia, insuficiência renal aguda, encefalite (infecção no cérebro), miocardite (infecção no coração), entre outras.
Um dos mistérios da pandemia é o caso de pacientes que não apresentam sintomas ou só os apresentam quando o quadro já se agrava rapidamente.
Imprevisível
A Covid-19 se manifesta de formas diferentes de paciente para paciente. Enquanto algumas pessoas apresentam sintomas brandos, outras experimentam uma doença grave. A menor parte desenvolve complicações com riscos de óbito, mas pode acontecer.
A relação do SARS-CoV-2 com o sistema imunológico ainda é uma das grandes dúvidas. Acredita-se que quanto maior a carga viral, maior a chance de o paciente evoluir com formas mais graves da doença.
Grupo de risco
Inicialmente, as maiores preocupações estavam voltadas para os idosos e pessoas com doenças pré-existentes. Posterirormente, os pesquisadores foram surpreendidos com o impacto entre pacientes obesos após a epidemia se instaurar na Europa e nos EUA.
Os casos do novo coronavírus em crianças e jovens chamam a atenção. Embora o número de casos de doença grave e morte entre eles não seja expressivo, a orientação é de que se previnam.
O surgimento de uma síndrome associada à Covid que afeta crianças despertou um alerta para cientistas. O comunicado foi divulgado pela OMS em 15 de maio.
A doença, batizada como Síndrome Pediátrica Inflamatória Multissistêmica Temporariamente Associada ao SARS-CoV-2 (PIMS-TS), é grave, requer cuidados intensivos e pode ser fatal. A doença causa inflamação nas paredes das artérias de tamanho médio e pode danificar o coração. Os sintomas incluem alergia, problemas cardíacos e de coagulação no sangue, vômito, diarreia e dor abdominal.
Embora a nova síndrome também envolva inflamação, especialistas em doenças infecciosas dizem que é diferente da doença de Kawasaki. Os sintomas incluem ainda febre persistente, erupção cutânea, olhos vermelhos, inflamação e mau funcionamento de um ou mais órgãos.
Imunidade
Apesar de avanços na comunidade científica relacionados à pesquisa sobre a imunização de pessoas contaminadas pelo vírus, não existe um consenso se as pessoas infectadas com a Covid-19 estão protegidas contra novas infecções, nem por quanto tempo.
Tratamento
Ainda não há um remédio que cure a Covid-19 e não se sabe se ou quando teremos um remédio efetivo. No entento, em diversas partes do mundo, cientistas trabalham para desenvolver uma vacina. Por exemplo, o ICB - Instituto de Ciências Biomédicas da USP está produzindo e testando uma nanovacina, a base de proteína do próprio vírus geneticamente modificada.
Total de casos de Covid 19 no mundo e no Brasil
O mês de junho terminou com um total de 10.365.963 casos confirmados, de 5.284.304 casos recuperados e 507.166 mortes (visão mundial de casos) e o Brasil com 1.370.488 casos confirmados, de 733.848 casos recuperados e 58.385 mortes. Ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
Fontes:
https://brasil.elpais.com/economia/2020-04-13/como-sera-a-economia-apos-o-coronavirus.html
https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus-seis-meses-depois-saiba-que-se-conhece-ate-agora-sobre-covid-19-24458936
https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/06/30/seis-meses-depois-do-1o-alerta-sobre-o-novo-coronavirus-o-que-ja-sabemos-e-o-que-ainda-e-incerto.ghtml
https://pebmed.com.br/covid-19-oms-alerta-para-uma-nova-sindrome-inflamatoria-em-criancas-e-adolescentes/
https://jornal.usp.br/ciencias/nanovacinas-em-producao-na-usp-podem-ser-mais-eficientes-contra-a-covid-19/