Arquivo mensais:março 2020

Diretoria da Poli divulga procedimentos para as aulas virtuais

Prezados Docentes e Alunos da Escola Politécnica, A equipe de TI da POLI com a contribuição de docentes e alunos está finalizando os tutoriais para orientar docentes a usarem as ferramentas disponíveis para dar aulas online ou gravarem vídeos para disponibilizarem nas plataformas de acesso (e-disciplinas – moodle). Hoje, terça-feira, dia 17, estarão na página da POLI estes tutoriais para docentes, bem como os tutoriais para alunos de maneira a orienta-los de como proceder. Nos dias 18, 19 e 20 de março, os servidores de TI estarão em uma força-tarefa para dirimir dúvidas de docentes, após estes terem assistido aos tutoriais. Esperamos com isso normalizar as aulas a partir do dia 23 de março para que possamos cumprir o calendário. Provas poderão ser adiadas para final de semestre. As aulas deverão ser dadas online no MESMO HORÁRIO do calendário original. Os docentes poderão optar por (1) utilizar todo o tempo de sua aula para estar online, ou (2) solicitar leitura e estudo durante um certo tempo da aula e entrar online em um período mais curto, porém respeitados os horários originais de aula. Solicitamos que os docentes estudem como proceder com as aulas de laboratório, podendo optar por aulas de demonstração ou deixar as aulas de laboratório presenciais para o final do semestre. O retorno às aulas presenciais somente se dará quando a Reitoria autorizar. A “presença” nas aulas virtuais será obrigatória, da mesma forma que as aulas presenciais. Os alunos que não dispõe de computadores ou celulares com acesso à internet, poderão usar as salas PARA ALUNO em seus prédios, que serão mantidas abertas. Atenciosamente, A Diretoria

Serviço de Comunicação Social da Poli realizará atendimento remoto devido à pandemia

Informamos que a partir do dia 17.03.2020, devido a Pandemia não teremos mais atendimento presencial, sendo que: – Agendamento de eventos, montagem e empréstimos de equipamentos, divulgações no USP Atende, e um feedback de e-mails, serão atendidos através do e-mail eventos.poli@usp.br. Esperamos contar com a colaboração de todos. Serviço de Comunicação Social

Serviço de Apoio Educacional divulga instruções para atendimento remoto ao público

Instruções ao Público em Geral referente às Novas Formas de Atendimento em combate ao CORONAVÍRUS. Em virtude da SUSPENSÃO, pela Diretoria da EPUSP a partir das 14h00 do dia 16/03/2020, de todos os Atendimentos ao Público atualmente feitos de forma presencial, na administração central da Escola Politécnica da USP; INFORMAMOS: Todos os Atendimentos relacionados ao Serviço de Apoio Educacional, serão realizados através do E-mail servico.apoio.poli@usp.br; PROCESSOS  ATENDIDOS Comissão de Graduação da EPUSP (CG-EPUSP). Estrutura Curricular dos Cursos de Graduação em Engenharia. Monitoria de Alunos em Disciplinas. Monitoria de Alunos nas Salas Para o Aluno. Revalidação de Diplomas. Solicitamos a compreensão de todos neste momento delicado e pedimos que somente sejam encaminhadas solicitações inadiáveis para que o fluxo de atendimento seja o melhor possível.

Biblioteca da Poli-USP divulga procedimentos para atendimento remoto

Serviços/produtos que podem ser realizados via e-mail institucional das bibliotecas setoriais (https://www.poli.usp.br/bibliotecas/sobre-as-bibliotecas) e/ou remotamente: 1) Normalização de referências e documentos; 2) Orientação para pesquisas em bases de dados; 3) Definição de assuntos para a catalogação na publicação ( antiga ficha catalográfica); 4) Orientações quanto a renovação via WEB; Remotamente o usuário pode acessar: -O Portfólio AGUIA – https://www.aguia.usp.br/portfolio/ possibilita acesso remoto à Portais e Bibliotecas Digitais e seus serviços; -O Espaço do Pesquisador https://www.aguia.usp.br/apoio-pesquisador/ orienta sobre Acesso Aberto na USP, e outros temas de interesse do pesquisador. Empréstimo domiciliar – as datas de devolução de obras serão postergadas automaticamente até o dia 22 de abril de 2020 . Renovações – serão efetuadas via web cujas instruções seguem em arquivo anexo. Acessem a página da DVBIBL – https://www.poli.usp.br/bibliotecas

Poli-USP cria página para reunir informações sobre o COVID-19

Poli-USP cria página para reunir informações sobre o COVID-19 Comunicados da diretoria da Escola Politécnica da USP 13/3/2020 – Esclarecimentos sobre as formas de prevenção do coronavírusVeja aqui o comunicado de 13 de março de 2020. 10/3/2020 – Esclarecimentos sobre as formas de prevenção do coronavírusVeja aqui o comunicado de 10 de março de 2020. Comunicados da Reitoria da USP No site https://coronavirus.usp.br/, você encontra as informações divulgadas pelo Comitê Permanente USP covid-19, que tem como objetivo acompanhar a evolução da presença do vírus entre alunos, professores e servidores técnicos e administrativos da Universidade, em todos os campi da USP, além de outras informações de interesse público. Facebook Twitter Youtube Instagram Flickr Linkedin

Poli-USP integra rede internacional para o desenvolvimento da engenharia automotiva

Poli-USP integra rede internacional para o desenvolvimento da engenharia automotiva Conferência sobre centro internacional de pesquisas em engenharia automotiva foi realizada na Escola Politécnica da USP nesta sexta-feira, dia 13 de março (Foto: Beatriz Carneiro) Nesta sexta-feira, dia 13 de março, a Escola Politécnica (Poli) da USP recebeu  a 1ª Conferência ASCENT, que marca a inauguração da rede de mesmo nome. O evento contou com a participação de especialistas internacionais de renome que abordaram os atuais desafios da engenharia automotiva. A rede ASCENT é um projeto de capacitação ERASMUS +, um programa da União Europeia de fomento na área de educação, pesquisa e internacionalização.  O objetivo da ASCENT é a formação de uma rede de laboratórios voltados para a Engenharia Automotiva em universidades no Brasil, México e Argentina. O professor Marcelo Alves, do Departamento de Engenharia Mecânica da Poli, explicou que o evento é a abertura desta rede, e foi realizado para discutir as tendências do setor automotivo e como indústria e universidade podem colaborar. Os laboratórios da rede serão usados para pesquisa e ensino de disciplinas afeitas à Engenharia Automotiva, fomentando a colaboração com a indústria e entre as instituições participantes da rede.  O evento contou com a presença de especialistas, empresários, professores e alunos da área de Engenharia Automotiva e teve como objetivo reunir, fomentar, compartilhar e alertar os estudantes para as mudanças que aconteceram no setor, levando em consideração o meio ambiente. Essa é uma forma de preparar e capacitar os novos profissionais que estão se formando e que virão a escolher a Engenharia Automotiva.  O palestrante e diretor geral da AVL, Eugenio Coelho, abordou a renovação do mercado automotivo. A AVL é uma empresa austríaca que trabalha com consultoria automotiva e alta tecnologia aplicada a mobilidade. Josef Affenzeller, também funcionário da AVL, que trabalha com a coordenação de pesquisas, salientou a necessidade da criação de meios de transportes com impacto zero no meio ambiente, de forma sustentável.  Texto: Amanda Rabelo, jornalista da Poli-USP, e Beatriz Carneiro, estagiária de jornalismo. Outras informações na página. Facebook Twitter Youtube Instagram Flickr Linkedin

Professor da Poli, João Amato Neto, fala sobre o curso de Engenharia de Produção ao Guia do Estudante

12/3/2020 – Para contar a trajetória da engenheira de produção Cristina Junqueira, fundadora do Nubank, a reportagem do Guia do Estudante abordou sua formação, realizada na Escola Politécnica (Poli) da USP, e entrevistou o professor do Departamento de Engenharia de Produção, João Amato Neto. Leia a matéria no link: https://guiadoestudante.abril.com.br/atualidades/a-trajetoria-da-engenheira-de-producao-que-fundou-o-nubank/

Especial Mês da Mulher na Poli-USP: Conheça a trajetória da professora Maria Eugênia Boscov

Especial Mês da Mulher 2020 Conheça os desafios que levaram Maria Eugênia Boscov a se tornar a referência nacional em geotecnia ambiental Sua trajetória profissional acompanha a incorporação da preocupação ambiental nos projetos de engenharia, aspecto não considerado na época de sua formação. A engenharia não a conquistou à princípio, mas com o desenvolvimento de novos estudos, que exigiram muita dedicação e persistência, ela consolidou sua carreira em uma área hoje essencial para a sustentabilidade. Quanto à Engenharia, não foi de primeira que profissão a conquistou. Sua expectativa era estudar disciplinas de exatas, e o curso mostrou que o exercício da profissão é muito diferente, e bem mais complexa que isso (Veja o box ao lado). Isso já gerou frustração. Um pequeno papel com o seu número de aluna da Poli, recebido na matrícula, era a sua única referência para se localizar como caloura, e cada um deveria buscar o local de suas aulas em grandes murais.  “Não conhecia ninguém, não sabia onde eram as salas de aula”. Com 17 anos e sem muita vivências e experiências anteriores, a jovem à princípio não se sentiu pertencente naquele ambiente, e se questionou se deveria mesmo persistir no curso. Somado a isto, um curso muito desafiador e teórico, a ideia de seguir carreira na área parecia muito distante. “Foi uma fase muito rica e ao mesmo tempo muito penosa na parte de formação profissional, o que me afastou da engenharia. Minha meta era me formar”.A futura engenheira só começou a resgatar o gosto pela área a partir do terceiro ano da graduação, devido ao contato com as matérias profissionalizantes, e com o seu estágio no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Ela começou a gostar de estudar os solos em toda a sua complexidade, nas disciplinas da área de Geotecnia: Mecânica dos Solos, Obras de Terra e Fundações.  Para manter o vínculo com esta área após formada, ela começou a fazer algumas matérias de pós-graduação na área, e assim redescobriu o prazer de estudar. “Eu tinha passado cinco anos e meio me forçando a estudar para passar, e de repente era gostoso, eu queria ir bem porque queria aprender. Foi uma maravilha”.Outro motivo que a levou para a pós-graduação, foi o fato de que seu primeiro emprego no Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) de São Paulo não era na Geotecnia. Ela ressalta que a equipe animada, e era muito prazeroso trabalhar com uma área inovadora que estava sendo implantada, mas mesmo assim o seu gosto pela geotecnia falou mais alto e ela seguiu com os estudos. “Quando me formei o Brasil estava em uma crise muito grande. Foi um ano muito ruim. O emprego que consegui foi em hidrologia e estatística. Era um grupo novo que estava sendo implantado para estudar as bacias de São Paulo, mas não era o que eu queria. Bem ou mal não era o que eu queria fazer, mas as pessoas era muito legais e empolgadas”. Outro ponto que ela destaca sobre esta época é que essa experiência lhe deu uma perspectiva legal do que era a engenharia.Maria Eugênia conta que desde menina sempre sonhou em morar sozinha em outro país. “Nunca sonhei em casar e nem ter filhos. Amo meu marido, amo meu filho, são as grandes alegrias da minha vida. Mas eu não sonhava com isso. Meus pais sempre foram muito felizes, mas não fazia parte do meu show”. Quando apareceu uma oportunidade de trabalhar como pesquisadora por meio de um convênio entre a USP e a Escola Politécnica de Zurique (ETHZ), ela se inscreveu e partiu para a cidade suíça. “No dia em que eu desci em Zurique era um dia 1º de maio, o céu estava azul e as flores estavam brotando. Me buscaram o aeroporto, eu fui andando de carro por aquela cidade. Sabe um sonho que se realiza? Foi como quando nasceu o meu filho. Foi a mesma alegria. Sempre quis isso e estou aqui”.Além do sonho realizado, a engenheira conta que foi uma experiência profissional muito boa. “O chefe na época me permitiu descobrir a pesquisadora que havia dentro de mim. Ele deixava você ter ideias e bater a cabeça. O que ele não tolerava era falta de iniciativa. Ele deixava você explorar e depois discutia com cuidado cada coisa”. Ela passou dois anos e meio na ETHZ, e recebeu uma proposta de passar mais quatro anos lá fazendo o seu doutorado. “Mas eu tive um acidente muito sério de ski, tive que fazer três cirurgias e minha família e trouxe de volta. Em dez minutos eu estava quebrada”. A necessidade de um longo tratamento para recuperação a trouxe de volta à São Paulo, abandonando aquele sonho, o namorado, o apartamento que tanto gostava. “De repente eu vim para o Brasil toda quebrada, com muitas dores, fazendo fisioterapia três vezes por dia, sem emprego. Foi muito ruim a volta”. Para continuar a se reabilitar, ela precisava de um emprego de meio período. Quando estava um pouco melhor, ela começou a trabalhar na Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE), que ficava no prédio da engenharia civil da Poli, fazendo um banco de dados para as barragens do Estado de São Paulo, com análise de sistemas. “Um grupo muito bacana, todos matemáticos e engenheiros. Eu viajei por todas as barragens do Estado de São Paulo. Já estava perto da Geotecnia e voltei para a pós”.Nesta fase, ela já tinha certeza que queria ser pesquisadora, e retomou o mestrado na Poli, agora com os conhecimentos e no projeto desenvolvidos na Suíça. “Quando acabava o trabalho eu ia trabalhar no laboratório”. Na primeira oportunidade de concurso para professor em tempo parcial, na área de Geotecnia, ela prestou e ficou em segundo lugar. Com a necessidade de um docente em tempo integral, ela foi convocada e assim deixou seu emprego na FDTE. “Devido ao período eleitoral eu não poderia receber salário, mas eu pensei: essa vaga eu não largo de jeito nenhum. Trabalhei de graça por nove meses”.Ela começou seu doutorado estudando obras subterrâneas, especificamente em túneis. Porém o tema não a ganhou. “Em uma semana aconteceram duas coisas que me mostraram que havia um caminho maravilhoso. Eu estava trabalhando na hora do almoço, e chegou um visitante que queria falar com o coordenador do meu laboratório. Era um rapaz que trabalhava com túneis, e havia imigrado para o Canadá. Ele começou a falar sobre uma área que achei muito interessante, capsulamento de solos. No mesmo dia, um colega de sala, o professor Waldemar Coelho Hachich, voltou de um congresso científico na Austrália, e folheando os anais do evento, vi as primeiras coisas de área ambiental, como preparar terrenos para evitar contaminação em aterros sanitários”.“Eu vi aquelas duas coisas e falei: é isso. Naquele momento eu decidi que iria abandonar túneis e ia fazer algo com isso”. Faltando apenas 2 anos e meio para o fim do seu doutorado, ela mudou de área, e o professor Waldemar Coelho Hachich apostou no seu projeto, se tornando seu orientador. “Foi uma loucura, eu pedi 6 meses de prorrogação e em três anos passei muitas noites trabalhando. Teve dias que as pessoas chegavam às 8 da manhã e eu ainda estava aqui, amanhecendo e eu estava no laboratório”. Não era apenas uma mudança de área de pesquisa. Ela optou por realizar um estudo totalmente inovador, que analisava como os contaminantes migram por solos tropicais. “Eu tinha só uma tese de uma pesquisadora do Rio de Janeiro, da UFRJ. Depois de montar um ensaio baseado em pesquisa bibliográfica, eu fui para o Rio tirar dúvidas com ela”. Com uma visita à pesquisadora Maria Cláudia Barbosa, um minicurso ministrado pela pesquisadora Chrysanthi Savvidou, um estudo de caso apresentado pela professora Dione Morita e com o apoio de uma professora do Instituto de Química, Elisabeth de Oliveira, ela concluiu seu estudo de doutorado sobre sistemas de contenção de resíduos perigosos nos solos, para que eles não atinjam os lençóis freáticos, por exemplo.Maria Eugênia Boscov, é hoje pesquisadora da área de Geotecnia Ambiental, professora titular da Escola Politécnica da USP. Não foi sem enfrentar preconceitos de gênero que ela chegou onde chegou, entretanto, o apoio da sua família, amigos, colegas de profissão e mestres, e sua determinação e vontade de estudar a trouxeram a este ponto de sua carreira.O cuidado e carinho com que ela lembra de cada pessoa que fez parte de sua trajetória saltam aos olhos. E isso fica muito claro até hoje, já que ela não faz distinção na hora de dizer sim para a participação de bancas e universidades de todo o País, não importando a distância. Ela se admira com a reverência com que é tratada Brasil afora, já que o cargo de professora titular se justifica e se baseia em toda sua admirável carreira e contribuições para sua área. Autora do livro “Geotecnia Ambiental”, muito estudado e citado nas instituições de ensino superior brasileiras, com simplicidade ela conta que criou a disciplina na Escola Politécnica. E não fica por aí, como uma verdadeira apaixonada pelos estudos, ela conta que não tem medo de se aproximar de novas áreas de estudo, mesmo que isso não a faça se aprofundar intensamente em uma em específico. Na verdade, ela parece gostar que essas novas possibilidades continuem a aparecer. Maria Eugenia Gimenez Boscov nasceu em São Paulo, e estudou em uma escola tradicional da cidade até o momento de escolher sua profissão. Apaixonada pelos estudos, a decisão pelo curso de graduação gerou dúvidas, já que seus interesses iam da história às ciências exatas. Sua mãe de era descendente de imigrantes espanhóis e seu pai de imigrantes russos. Como a família do seu pai não possuía recursos, ele batalhou muito para conseguir se formar pela Escola Politécnica em engenharia civil, em 1954.  Ele foi o primeiro da família a ter ensino superior, amava a profissão e era um grande entusiasta. Portanto pareceu muito natural para ela, familiarizada com a profissão do pai, optar pelo curso de engenharia civil da Escola Politécnica da USP, no qual ingressou em 1977. Sobre o período de graduação, ela fala com muito carinho sobre a riqueza da vida universitária, do apoio dos amigos nos estudos, nas viagens e intensa vida social e cultural e, claro, toda a liberdade característica da época. “Eu gostei da experiência universitária, eu tinha o sonho de entrar na USP, e só prestei vestibular para a USP”. O ambiente universitário era muito diferente do rígido sistema em que ela havia cursado o então colegial. “Eu poderia entrar e sair diversas vezes da sala, o quanto quisesse. E saía pelo gosto de poder fazer”, relembra ela com graça do que hoje, docente, acredita que atrapalha o andamento das aulas. “Eu gosto de estudar, estudar é a minha vida, na verdade. A universidade é uma excelente oportunidade para estudar a vida toda. Trabalhei um pouco na iniciativa privada, mas nada se compara a estar aqui, para o meu perfil”. Maria Eugênia Boscov Professora Titular da Escola Politécnica da USP Prédio da Engenharia Civil, da Poli, onde Maria Eugênia Boscov fez toda a sua formação superior. O Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça. Fonte: https://cis.ethz.ch/ “Aptidão por exatas + escolha profissional = engenharia”? Não necessariamente. Explicando o que é engenharia, Maria Eugênia Boscov conta por que esse pensamento pode levar à decisões frustradas “Eu era muito boa em física e matemática, com um pai engenheiro. Na minha cabeça era um encadeamento natural fazer engenharia. Mas mesmo vendo o exemplo do meu pai, eu era muito nova e não via aquilo como algo que eu iria trabalhar depois, era mais umas matérias que eu iria estudar. Foi muito pela influência do meu pai e por essa ideia de que engenharia e exatas se casam”, conta Maria Eugênia, que decepcionou quando descobriu que a Engenharia não era o que ela esperava.  “A escolha foi um pouco de desconhecimento do que era engenharia, que não é uma ciência exata. Na realidade as coisas não tem apenas uma resposta, são muito mais complexas. E cada vez mais entram novos parâmetros, como os sociais e ambientais, e que antes se considerava apenas a segurança estrutural e a economia. Mesmo em uma solução técnica, por exemplo em uma área contaminada, não existe apenas uma solução, existem várias técnicas. Qual é a mais adequada? Em alguns casos é óbvio, tudo indica que uma técnica é a mais apropriada, mas muitas vezes você tem várias opções. Não tem uma solução exata”.“Hoje em dia eu gosto muito de engenharia, mas naquela época eu não estava preparada para decidir minha profissão pois essas coisas não passavam pela minha cabeça”, conclui. Inspirações em outras lideranças“A Mônica Porto estava fazendo doutorado, ela tinha se formado antes de mim. Sempre foi uma mulher muito inteligente, e eu achava bárbaro ver uma moça um pouco mais velha discutindo os aspectos técnicos com o chefe com firmeza. Fiquei encantada”. Maria Eugênia Boscov Facebook Twitter Youtube Instagram Flickr Linkedin

Especial Mês da Mulher na Poli-USP: Conheça a trajetória da professora Anna Helena Reali Costa

Anna Reali, professora da Poli, é referência na área de inteligência artificial e aprendizado de máquina A engenheira atuou grande parte da sua carreira com robótica e visão computacional, e hoje estuda técnicas para que as máquinas aprendam por reforço. Para os alunos, ela explica que esta área abre grandes possibilidades profissionalmente. Anna Helena Reali Costa nasceu em Marília, São Paulo, mas morou em muitas cidades do interior do Estado. Sua família se mudava devido à profissão do pai, que era juiz de direito, e todos os cinco filhos o acompanhavam nessas mudanças. Segunda filha, ela não quis seguir os passos da irmã na área do Direito, e escolheu a engenharia. Anna desde muito nova é apaixonada pelos números. “Na verdade eu sempre gostei de matemática, talvez devido ao incentivo do meu pai”, enfatiza ela. A menina que gostava de números hoje é uma das maiores especialistas brasileiras na área de Aprendizagem por Reforço em Robôs. Ela relembra que sempre se destacou nos estudos, tanto em português como em matemática. Sua motivação pelos estudos era tão grande que, mesmo sendo a única garota da turma durante o ensino médio, Anna concluiu seu curso técnico em eletrônica, na  ETEC Lauro Gomes, em São Bernardo do Campo. Anna conta que ser a única mulher entre os 41 alunos, a fez se acostumar a conviver em um ambiente masculino “Eu praticamente só tinha amigos homens, já na adolescência sentia falta de ter amigas mulheres”. Aos 17 anos, ela decidiu seguir área de engenharia elétrica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI). Curiosamente, foi neste período que ela começou a ter algumas amigas no curso, apesar de serem poucas, e que não sentiu nenhum preconceito ao longo da graduação por ser mulher em um curso de engenharia. Não demorou muito para Anna lidar com a desigualdade de gênero. Após formada, ela entrou no mercado de trabalho e foi neste momento que começou a sentir o preconceito de gênero: “eu gostava muito de automação, então procurei emprego na área, porém os entrevistados falavam claramente, de forma preconceituosa, que eu não poderia trabalhar com isso por ser mulher”.   Ainda conta um caso em especial sobre esse momento, em que chegou a ouvir “você ainda é jovem, vai casar ter filho. Vai atrapalhar e não vai ter um rendimento tão bom. Então apesar das suas notas e conhecimento, esse emprego não é para você”.  Este relato, recorrente na vida de muitas mulheres, a fez atuar em outras áreas. “Acabei indo para área de automação bancária, que remunerava muito bem as mulheres na época”. Porém não ficou muito tempo nessa profissão. Junto com a sua família, decidiu ingressar na carreira acadêmica, e a instituição escolhida foi  a Universidade de Karlsruhe, na Alemanha. Lá ela se interessou pela área de pesquisa em Visão Computacional. O sucesso acadêmico, fruto de muito suor, não parou por aí. Ao retornar ao Brasil, ela começou o seu doutorado na Poli, ainda na área de Visão Computacional. Seguidamente, ela também fez um doutorado sanduíche na mesma universidade alemã, porém em outro instituto, focando no processamento de imagem. Mas a paixão pelos robôs a fez começar a pensar em uma maneira de dar vida a eles de forma autônoma. “Me interesso em colocar autonomia nos robôs, mesclando mais para inteligência artificial. Senti a necessidade de colocar aprendizagem e autonomia nos robôs, e até hoje trabalho com o aprendizado por reforço nos robôs”. O interesse da docente é tanto que em 1996, ela trouxe o primeiro campeonato  de futebol de robôs para Escola Politécnica, com ajuda de professores e alunos da época. Os três robôs do campeonato eram chamados carinhosamente de Robonaldo, C3-Pelé e R2D2-Dunga. Dois anos depois, em 1998, paralelamente Copa a do Mundo de futebol, em Paris, acontecia a Copa de Futebol de Robôs. Imaginem quem estava lá? Isso mesmo, a Anna, que ganhou o título de vice-campeã da Copa de robótica. “Eu fiquei mais feliz por ter ganhado a posição de vice- campeã da Copa dos Robôs do que o vice do jogo de futebol tradicional” brinca ela. Anna Reali alcançou o topo da carreira docente na Poli, tornando-se professora titular em 2011, na Escola Politécnica. Uma mulher na robótica e na engenharia, espaços majoritariamente masculinos, ela é uma inspiração para mulheres que desejam seguir carreiras na área conhecida como STEM, um termo em inglês para agrupar as disciplinas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Acerca disso, ela enfatiza: “eu falo que quando as meninas chegam no ensino médio tem pouco incentivo para elas se desenvolverem na parte da matemática. É necessário um incentivo a longo prazo para que as mulheres sejam o que elas quiserem”. Texto: Beatriz Carneiro (estagiária de jornalismo) Revisão: Amanda Rabelo e Rosana Simone (Jornalista e Analista de Comunicação) A professora Anna Reali toma posse como professora titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli – USP), no dia 13 de dezembro de 2011. (Imagem: Amanda Rabelo) Anna Reali e dois professores no campeonato de robôs. (Imagem: Escola Politécnica)

Especial Mês da Mulher na Poli-USP: conheça a trajetória da professora Marly Monteiro de Carvalho

Especial Mês da Mulher 2020 Engenheira, mulher, professora, pesquisadora e jovem:o espaço conquistado por Marly Monteiro de Carvalho Filha de pais professores, a jovem Marly Monteiro de Carvalho não queria seguir a carreira docente. Apaixonada pelas exatas no ensino médio, a garota de São Paulo correu para a engenharia buscando uma forma de unir sua vocação com uma trajetória profissional ligada ao mercado e distante do ensino, ao que ela associava a física e a matemática que tanto gostava. A vida dela na USP começou cedo, mas bem longe da Escola Politécnica — mais especificamente há 240 quilômetros da Poli, no campus de engenharia de São Carlos.  Antes de se tornar doutora em engenharia de produção e uma das nove professoras titulares da Poli, o desafio era outro: descobrir qual área da engenharia deveria seguir. Inicialmente, Marly passou em engenharia civil e começou o curso. Após um ano de graduação, quando ainda era permitido manter dois cursos na universidade pública, a estudante prestou novamente vestibular e ingressou também em engenharia mecânica, pretendendo uma formação dupla. Pouco tempo depois, ela trocou o curso de civil pela produção — na época, ainda “produção mecânica”.  Porém, no terceiro ano, ficou claro que a sua vocação era mesmo para a engenharia de produção, e foi nesse curso que ela concentrou seus esforços. Quatro anos e meio depois, Marly Carvalho sai da USP São Carlos como engenheira de produção, e deixa o curso de mecânica faltando seis meses para o segundo diploma com uma certeza: ela se formou em produção porque era disso mesmo que gostava.  Eu acho que toda mulher na engenharia sofre com a mesma questão. Eu lembro quando eu entrei na engenharia, nós éramos 6 (mulheres) de 180 (alunos). Eu cheguei na sala de aula e parecia que eu tinha chegado no exército, porque estava aquele monte de homem careca, e tinham várias turmas, então as meninas estavam perdidas até a gente se achar. Esse estranhamento aparecia muito, e a USP de são Carlos naquela época era basicamente cursos de exatas, então não só a engenharia mas todo o ambiente era muito masculino, mesmo.  A gente ainda continua com um contingente baixo de meninas em vários cursos de engenharia, esse ano na produção entraram 16% (de mulheres), é muito pouco, e naquela época era menos ainda. Essa sensação de você entrar num meio completamente masculino é uma descoberta desafiadora e difícil, eu acho que toda mulher que fez engenharia sentiu isso, e ainda sente. Não é tão forte quanto na época que eu entrei, mas ainda é bem forte e não é fácil atravessar os cinco anos, porque você é uma minoria.  Recém-formada, a agora engenheira Marly Carvalho foi direto para seu mestrado, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e então emendou o doutorado na mesma instituição. Enquanto obtinha o título de doutora, Marly voltou à USP, não mais como aluna, mas para trabalhar no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e dar aulas na Poli. Conhecer as realidades de universidades federais, estaduais e institutos de pesquisa foi importante para a caminhada da docente na área.  Como pesquisadora, a doutora atua principalmente nas áreas de engenharia de produto e projeto, de qualidade e de inovação. Seu nome é extremamente relevante nacional e internacionalmente em todos esses segmentos, seja na pesquisa ou no ensino das disciplinas, já que diversos dos seus textos são utilizados como base.  Outra preocupação de Marly Carvalho é repensar e atualizar a área da produção. Foi com isso em mente que, na última década, ela implantou a ideia — e a disciplina — de sustentabilidade em todas as especializações do curso, além de matérias sobre a inovação de modelos de negócio com foco em sustentabilidade e economia circular, temáticas que têm sido foco de diversas pesquisas acadêmicas no Departamento. Nas suas disciplinas, ela garante que trata a sustentabilidade de forma matricial.  Você entra, uma mulher, sempre passei pelas etapas sendo jovem, então uma mulher jovem. É sempre um estranhamento. As pessoas olham, “é você que veio para…?”. Sabe, tem sempre um primeiro momento que você fala “não, sou eu a pessoa e tal”. Lá fora, às vezes as pessoas não sabem se (Marly) é homem ou mulher, e às vezes você via que as pessoas estavam esperando um homem.  Eu acho que toda mulher na engenharia de alguma forma enfrenta isso, porque mesmo lá fora ainda é uma profissão que tem pouca mulher. O momento de interesse das mulheres pela área de ciência está se trabalhando de uma forma geral, em particular as ciências exatas, e aqui no Brasil mais ainda. Vale muito a pena as meninas investirem. A engenharia é uma carreira de muita realização, tem potencial muito grande de colocar a criatividade e a energia da mulher para funcionar, e as mulheres deviam considerar essa profissão. Professora Marly Monteiro tomou posse como professora titular, no dia 22 de fevereiro de 2018. (Imagem: Amanda Rabelo) Facebook Twitter Youtube Instagram Flickr Linkedin