Nelson Zuanella: dedicação à FDTE

No último dia 14 de abril, faleceu em São Paulo o professor Nelson Zuanella, presidente do conselho curador da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE).

No último dia 14 de abril, faleceu em São Paulo o professor Nelson Zuanella, professor aposentado do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais (PCS) da Poli-USP e presidente do conselho curador da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE).

Zuanella se formou Engenheiro Eletrônico na Poli em 1962, e iniciou sua carreira na empresa Phillips, na área de desenvolvimento. Na empresa, atuou tanto no Brasil como em sua sede, na Holanda, e somente deixou de trabalhar para a Phillips a convite do professor Antonio Hélio Guerra Vieira, para atuar na FDTE. Ainda enquanto funcionário da Phillips, iniciou sua carreira docente da Poli na área de telecomunicações no antigo Departamento de Engenharia de Eletricidade. Lecionou na graduação e nos cursos oferecidos pelo Laboratório de Sistemas Digitais, sendo também um dos seus criadores. “Era muito dedicado e atencioso para com os alunos e várias vezes foi escolhido e homenageado em formaturas”, conta seu amigo Antonio Marcos de Aguirra Massola.

A professora Edith Ranzini foi aluna de Zuanella em 1969, na disciplina de Televisão. Ela relata que, até hoje, a opinião que ouve de todos os seus ex-alunos, e com a qual concorda, é que é difícil saber quem foi o melhor professor: se o professor Zuanella ou o Mega Mestre Orsini. “Muitos dos seus ex-alunos hoje são docentes do PCS e consideram o Professor Zuanella como o paradigma a ser seguido ao prepararem suas aulas”.

Zuanella

O politécnico participou de uma comissão instituída pelo Ministério das Comunicações visando a definição de escolha de sistema de televisão a cores a ser implantado no País, junto aos professores Hélio Guerra e Ovídio Barradas, este último também da equipe da Embratel.  “Foram analisados diferentes sistemas de diferentes países e ao final decidiu-se por adotar um modelo inédito para o País, para o caso do Padrão de Televisão a Cores, denominado sistema PAL-M”, detalha Massola.

Zuanella compunha a equipe responsável pelo projeto do  primeiro computador digital brasileiro: o Patinho Feio. Ele participou da disciplina de Sistemas Digitais em nível de pós-graduação do professor convidado o funcionário da IBM, o norte-americano Glen Langdon Junior. “Durante o curso foi elaborado um sistema digital que deu origem ao Patinho Feio. Ele foi então implementado à época pelos alunos do curso; professores, funcionários e estagiários que eram membros do LSD”.

Como decorrência do sucesso obtido com o projeto, a Marinha do Brasil propôs desenvolver com a Escola Politécnica o Projeto de um Sistema Digital para a Marinha e suas corvetas, o P-COMP111, posteriormente denominado Projeto Guaranys (mini computador G-10). Nesta época surgiu a necessidade de criar a uma instituição de apoio à Escola Politécnica, para vencer os entraves burocráticos e obter recursos para financiar os projetos tecnológicos. O professor Antonio Hélio Guerra Vieira e um grupo de mais quatro professores do então Departamento de Engenharia de Eletricidade da Poli, dentre os quais o professor Zuanella, instituiu a FDTE, em 1° de dezembro de 1972. A Fundação foi criada para auxiliar o Laboratório de Sistemas Digitais, e assim colaborar com instituições educacionais públicas e privadas em programas de desenvolvimento tecnológico, em colaboração com a Poli.

A sua participação na FDTE

A atuação de Nelson Zuanella na FDTE foi sempre muito intensa. Na Diretoria Executiva, foi Diretor Secretário, Vice Presidente e Presidente (de 1982 a 2004).  No final de 2004, foi eleito membro do Conselho Curador, tendo exercido os cargos de Vice Presidente e Presidente. Sua última dedicação à FDTE foi a de Presidente do Conselho, cargo que ocuparia até o mês de novembro de 2018, interrompido pelo seu falecimento.

Outras atividades

Seu amigo Massola conta que era um verdadeiro apaixonado pelas artes e cultura. “Sabia demais sobre os assuntos e não deixava de comparecer a óperas e recitais, sobretudo quando uma Orquestra Sinfônica viesse a se apresentar.  Na Sala São Paulo sua presença era obrigatória. Contemporâneo do saudoso Professor Doutor Decio Leal de Zagotis, sempre que pudesse estava presente em eventos da área fora do País”. O politécnico era um profundo conhecedor de literatura e língua portuguesa, e sempre se esmerava na produção de relatórios técnicos e documentos perfeitos, o  que sempre chamava como sua obrigação.